domingo, 19 de janeiro de 2014

"Ribamar Araújo", por Raimundo Sodré

Ribamar Araújo


Um açude nos olhos
Agora no início de agosto, ganhei uma pasta com um monte de músicas legais. Tem Mônica Salmaso cantando Chico, tem Sérgio Sampaio botando pra ferver com ‘o bloco’ e ao mesmo tempo implorando para ser pregado na cruz, tem o Itamar Assunção e Naná Vasconcelos repercutindo a bossa concretista paulistana. Tô alegrinho com o meu novo arquivo de músicas, algo como um rico presente pelo dia dos pais. Já gravei as canções no meu MP3 e por onde ando, vou ouvindo as minhas joinhas. Tão belas e tão esquecidas as canções...
No arquivo encontrei uma sedutora fieira de canções paraenses também. Uma das mais belas começa assim com este inquietante verso “trago nos olhos o açude de Orós”. Esta volumosa verdade, esta confissão desbragada, despudorada, úmida e impetuosa é uma criação de Ribba, para mim, uma das personalidades mais autênticas da produção cultural paraense.
Como bom maranhense, Ribba é Ribamar. Menino (ironicamente) ilimitado pelas estivas incertas da Sacramenta, Ribba desafiou o conformismo e revelou-se bem cedo para as artes (como me relatou certa vez a professora Lindalva, querida e eterna diretora da Escola Salesiana do Trabalho). Era uma mente diferenciada. Enquanto lutava para alcançar as órbitas inalcançáveis que a bola fazia na brincadeira européia do spiribol, Ribba se juntava a Antônio Francisco pelos caminhos que se entrecruzavam no escuro do ‘beco do Gentil’ e compensava a dura realidade suburbana com uma múltipla, invejável produção artística que ia do teatro às artes plásticas. Esta combinação de talentos resultaria, no início dos anos 80 no fulgor do Grupo Hera da Terra e no espraiamento de uma consciência ética, poética, revolucionária, utópica e sonhadora pelos arrabaldes alagados. E com tal força e magnitude que me arrebatou da minha cômoda posição de centro avante do Internacional da Mauriti, me fez cruzar a (até hoje indefinida) fronteira da Pedreira com a Sacramenta e me levou a memoráveis celebrações etílico-musicais lá na Primeiro de Setembro, eu ainda um bebê iniciando o primeiro e inesquecível semestre na Escola Técnica sob a égide provedora de Cláudio Barradas.  
Reencontrei Ribba nestes versos. Saí à procura de novidades e dei com uma obra recente do artista plástico (aquele de quem a diretora Lindalva falava), de um traçado restaurador. Dei com a estética embrionária, primordial querendo, querendo... Experimentando o grafismo...Com sementes...Como se fosse um recém chegado... 
Pelas mãos de Ribba, o nascer poético amazônico se produz discreto, disciplinado, ordenado no ir e vir do traçado primitivo.
Conformado com a pouca luz.
Poesia visual, memórias rupestres, origens...
Estes são os condimentos que Ribamar Araújo mistura às suas tintas. Em sua obra, são os inefáveis pigmentos, aqueles invisíveis, intrínsecos da alma, que revelam a vida, ou “a ânsia da vida por si mesma”.
Até a grande explosão.
Até a grande erupção que se impõe jorrando florestas, sementes multiéticas saturadas de “ânsias”.
Ribamar Araújo redescobre esta explosão de vida profanando o silêncio primitivo, maculando o traçado ortogonal, esnobando o espaço obtuso e revelando uma textura densa, caótica, explodida, escondida na fertilidade das angiospermas.
Porém, luminosa, contraditória.
As sementes de Ribamar Araújo buscam sempre a luz (não são cheias de ânsia?). Flutuam sobre um manto ancestral expresso no grafismo fosco do artista, mas revolucionam, convulsionam o espaço com seu brilho.
Querem, enfim, poeticamente, nascer.
Como naqueles tempos né, Ribba, pelos alagados da Sacramenta (ou como agora, pelo alagado dos olhos).

fonte:http://raimundosodre.blogspot.com.br/2011/05/ribamar-araujo.html

sábado, 15 de junho de 2013

Série "Caixa de Linhas"

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